Historicamente, Campos dos Goytacazes sempre foi um pólo de produção de cana-de-açúcar e seus derivados. Por muitos anos, as usinas foram as principais fontes de receita do município e os maiores empregadores da região.
O economista Alcimar Chagas, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), conta que o desenvolvimento do setor ganhou ainda mais fôlego na década de 1970, quando a crise do petróleo fez com que o governo federal não medisse esforços para fomentar a produção de uma fonte de energia substituta na região:
“— O município e a região cresceram muito na década de 70. Campos chegou a ter quase 25 usinas funcionando e processava 10 milhões de toneladas de cana por ano. O governo investiu na região para incentivar a produção, por conta do etanol, e pela necessidade”, disse o professor.
Com o passar dos anos, muitas usinas fecharam, e Campos entrou na rota do petróleo. As pessoas foram se adaptando, assim como o comércio e o poder público.
O que não mudou e perdura até os dias de hoje, infelizmente, são as queimas dos canaviais realizadas pelas usinas que ainda restam. Essa prática traz diversos prejuízos para a saúde, poluição do ar e transtornos em toda a região com as fuligens provenientes desse método.

A cana é queimada antes do corte manual para facilitar a colheita, aumentar o rendimento e dar mais “segurança” ao trabalhador. Essa atividade é antiga e há quem a defenda alegando controle de pragas, plantas daninhas, doenças e animais venenosos, como cobras, escorpiões e aranhas.
O outro lado da moeda
Por outro lado, o impacto ambiental gerado pela combustão da cana é devastador e ainda causa transtornos a quem está a dezenas de quilômetros dos canaviais com as fuligens.
Estudos indicam que a queima da cana libera gases poluentes, como monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e material particulado fino (MP2.5), que são prejudiciais à saúde.
Esse pó preto gerado pela queima do canavial pode causar mal-estar, irritação dos olhos, garganta e pele, dor de cabeça, enjoo, bronquite, asma e até câncer de pulmão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição prolongada a poluentes do ar está associada a um aumento nas doenças respiratórias e cardiovasculares.


Além disso, a sujeira causada nas casas, comércios e ruas pela fuligem das queimadas é um problema adicional que afeta a qualidade de vida dos moradores da região. Estima-se que a poluição do ar causada pela queima de biomassa contribua significativamente para a degradação da qualidade do ar em áreas urbanas e rurais.
O papel do governo
É muito importante que o poder público esteja atento aos excessos, criando maneiras de combater ou amenizar os danos causados pelas queimas. Medidas como a fiscalização rigorosa, a promoção de técnicas agrícolas alternativas e a conscientização da população são essenciais para mitigar os impactos negativos dessa prática.

As usinas são importantíssimas para a nossa região, gerando empregos e renda para o município. No entanto, é necessário modernizar as práticas agrícolas e entender que mudanças e adaptações fazem parte do processo de crescimento e evolução. A adoção de tecnologias mais sustentáveis e a redução da dependência da queima da cana-de-açúcar são passos fundamentais para garantir um futuro mais saudável e ambientalmente responsável para todos.
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