Que o brasileiro é apaixonado por carro, todo mundo sabe. Basta olhar as ruas, os finais de semana com lava-jato lotado, os encontros de amantes de automóveis e a importância que o carro tem na vida de tantas famílias. Mas então surge a pergunta: se gostamos tanto de carro, por que os veículos elétricos ainda não conquistaram de vez o mercado nacional?
Apesar do crescimento nos últimos anos, os carros elétricos ainda enfrentam uma série de barreiras no Brasil — e elas vão muito além do simples gosto pessoal.
Benefícios do carro elétrico

Do ponto de vista tecnológico e ambiental, os carros elétricos são o futuro. Eles emitem zero poluentes durante o uso, são silenciosos, mais eficientes energeticamente e têm manutenção mais simples e barata, já que contam com menos peças móveis do que os motores a combustão. Além disso, com o aumento da oferta de energia limpa no país, como a solar e a eólica, os elétricos se tornam ainda mais sustentáveis.
As desvantagens e os desafios no Brasil
Por outro lado, as desvantagens ainda pesam bastante na balança para o consumidor brasileiro. O preço é, sem dúvida, o principal entrave. Um carro elétrico custa muito mais do que um modelo a combustão de categoria similar. Além disso, a infraestrutura de recarga ainda é precária, com poucos pontos de abastecimento fora dos grandes centros urbanos, o que gera insegurança para viagens mais longas.
Outro ponto relevante é a durabilidade e o custo das baterias, que, apesar de evoluírem rapidamente, ainda representam uma fatia significativa do valor do carro e precisam ser substituídas após alguns anos de uso.
O lobby do petróleo
Não dá para falar sobre a dificuldade de expansão dos elétricos sem mencionar o poderoso lobby da indústria do petróleo e dos combustíveis fósseis. Este setor tem enorme influência política e econômica no Brasil e no mundo. A manutenção de incentivos à gasolina e ao etanol, além da resistência de algumas montadoras tradicionais à transição energética, contribuem para manter o carro elétrico como um produto de nicho.
Por que é tão caro?
Além dos impostos e da margem de lucro elevada, o alto custo dos veículos elétricos no Brasil também se deve à baixa escala de produção nacional e à dependência de componentes importados, principalmente baterias. Como o país ainda não tem uma cadeia de produção sólida para esse tipo de veículo, os preços seguem altos. Além disso a importação do carro já montado tem altos custos, principalmente impostos para defender o mercado interno.

O que os governos poderiam fazer?
Para que os carros elétricos se popularizem, é necessário mais do que boa vontade do consumidor. É preciso que o governo atue com políticas públicas claras de incentivo. Redução de impostos, criação de linhas de financiamento específicas, investimento em infraestrutura de recarga, incentivo à produção nacional de baterias e peças, e até isenções para quem comprar veículos elétricos seriam caminhos possíveis.
Alguns países têm adotado medidas assim com sucesso, como Noruega, Alemanha e China. O Brasil, com seu potencial energético e parque automotivo, tem tudo para se destacar nesse cenário — se houver vontade política e estratégia a longo prazo.

Os carros elétricos ainda não decolaram no Brasil, mas não é por falta de tecnologia ou interesse. O problema está no custo, na infraestrutura e nas barreiras econômicas e políticas que ainda precisam ser superadas. Com os incentivos certos, o país pode acelerar essa transição e transformar o jeito como nos locomovemos — com mais sustentabilidade, eficiência e consciência.
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