Nos últimos dias, moradores do bairro Chatuba, em Campos dos Goytacazes, realizaram uma manifestação para protestar contra o aumento repentino do fluxo de caminhões na região — um cenário até então incomum para os moradores da localidade.
O motivo dessa movimentação intensa de carretas é conhecido: o fechamento temporário da Estrada dos Ceramistas, uma das principais rotas utilizadas para o escoamento de cargas com destino ao Porto do Açu, em São João da Barra. Com isso, caminhoneiros estão sendo obrigados a utilizar vias urbanas, como as que cortam a Chatuba, para manter o fluxo logístico ativo.

A situação escancarou uma crise de responsabilidades. O prefeito de Campos atribuiu a culpa ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), a agentes públicos e a deputados estaduais, acusando-os de omissão e inércia diante da gravidade do problema. Por outro lado, o DER afirma que a obra de manutenção na Estrada dos Ceramistas é complexa e exige o fechamento completo da via para garantir a segurança e a eficácia dos trabalhos.

Afinal, de quem é a culpa? Ou seria mais justo perguntar: quem não tem culpa?
O episódio evidencia um problema crônico da infraestrutura urbana: ruas construídas sem estrutura adequada, sem planejamento de expansão e sem considerar o crescimento industrial e populacional das cidades. É mais um reflexo de decisões tomadas com viés eleitoreiro, em um cenário que já antecipa o clima das eleições de 2026.
Outro ponto que levanta questionamentos é o papel do Porto do Açu. Ainda que esteja localizado em São João da Barra, grande parte da logística passa por Campos dos Goytacazes. O município de Campos deveria, então, receber parte dos royalties ou compensações logísticas por esse impacto? Atualmente, Campos não recebe recursos diretamente do Porto do Açu, apesar de sofrer os efeitos colaterais da operação.
A falta de respostas concretas e ações coordenadas entre os entes públicos expõe o trabalhador e o cidadão ao caos: estradas sobrecarregadas, risco de acidentes, poluição sonora e do ar, além da desvalorização da qualidade de vida nos bairros afetados.

Enquanto as autoridades trocam acusações, quem paga a conta é a população. É preciso lembrar que o poder está nas urnas — e episódios como este ajudam a revelar quem está, de fato, comprometido com o bem-estar coletivo e quem apenas se movimenta em busca de votos.
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