Nos últimos meses, tem ganhado força nos bastidores e na mídia uma crescente tensão entre os Estados Unidos e o Brasil, marcada por acusações, investigações cruzadas, declarações diplomáticas veladas e, principalmente, interesses ocultos — políticos e econômicos. Mas a pergunta que se impõe é: até onde vai o jogo político? E onde começa, de fato, a disputa por poder e influência econômica?

O governo norte-americano, liderado atualmente por Donald Trump, tem demonstrado descontentamento com a política brasileira, especialmente no que diz respeito à “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a grupos conservadores e de ultradireita. Esse descontentamento ficou evidente com os desdobramentos das investigações sobre os chamados “atos antidemocráticos de 8 de janeiro” de 2023”.
Por outro lado, cresce a percepção de que essa postura dos EUA não é apenas motivada por preocupações com a democracia ou estabilidade institucional. Existe, sim, um pano de fundo econômico. A nova política externa do Brasil, mais voltada para países do sul global como China, Rússia e nações da África e América Latina, vem desagradando os interesses econômicos norte-americanos. O Brasil tem aprofundado relações comerciais com a China, se aproximado do BRICS+ e adotado uma postura mais independente em fóruns internacionais. Para muitos analistas, isso representa uma ameaça ao tradicional domínio dos EUA na América Latina.

E nesse tabuleiro complexo, surge a dúvida: Bolsonaro está sendo usado como uma peça pelos EUA para desestabilizar o atual governo brasileiro? Ou seriam os EUA o trampolim político que o ex-presidente tenta usar para se manter relevante e escapar de questões judiciais no Brasil?
A verdade é que não existe santo nessa história. O cenário está contaminado por interesses ideológicos, econômicos e eleitorais — de ambos os lados. A grande mídia, por sua vez, muitas vezes parece mais empenhada em desgastar a imagem de Bolsonaro do que em explicar os efeitos reais dessa disputa para a economia e a soberania nacional. Enquanto o noticiário se concentra em escândalos, pouco se fala sobre a atual situação fiscal do país, a desaceleração da economia e os desafios que o governo Lula enfrenta para manter as contas públicas em ordem.

O Brasil, portanto, se vê num jogo geopolítico onde corre o risco de se tornar refém das potências externas e das guerras internas. E a pergunta que fica é: quem realmente está governando o país — os brasileiros ou os interesses estrangeiros?
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